10 de jul. de 2008

Cocadinhas


Lindo tom ensolarado
Crocante nas extremidades
Completamente cremoso em seu coração
Inspiração doce, momentos de prazer


Cocadinha com base de massa crocante, camada de creme branco trufado, grande cobertura de doce de coco ao forno, levemente dourado



Encomendas
Cocadinha - R$ 2,50
Torta Cocadinha - R$ 30,00






Alguns meses de vida, minha avó materna, com quem eu passava as tardes de uma Brasília seca, me embalava ao som de Agnaldo Raiol, rsrsrsrs....Minha avó adorava Agnaldo Raiol e, pelo jeito, eu também! Dormia tranquila naquelas tardes..... e berrava nas noites, para desespero contínuo dos meus pobres pais.
Gaúcha de nascença minha avó preparava comida com a rapidez de uma dona de casa que aprendeu a ter tudo embonecado e banquetes belos e cheirosos na mesa. Comida esta que eu ainda não conhecia, pois na época só me era liberado leite materno e variedades intermináveis de frutas. Com o passar dos anos, além das frutas que amo até hoje, comecei a saborear quitutes de vó que são feitos para agradar, nada de biscoitos recheados vendidos em supermercados com o personagem preferido a ser degustado, nem salgadinhos de isopor com figurinhas para tatoos-radicais, eram apenas biscoitinhos amanteigados, bolinhos de chuva com recheio de goiabada em tardes frias, cueca-virada preparada com sobras de massa. Bolos que eu só comi na infância: formigueiro, cenoura, mármore, brigadeiro....Todos com muita cobertura!
É preciso falar dos bolinhos de arroz, crrrrocantes! Bolinhos de carne, e a farofinha por cima da mandioca....As sopas de feijão ou de lentilha me sustentaram algumas noites, sempre pegando fogo (não entendo essa coisa de dar comida fria para a coitada da criança).
Não sei bem ao certo o que era mais gostoso e divertido: saborear as delicias ou ajudá-la a fazer a bagunça que sempre era permitida.
Minhas tardes tiveram que ser ocupadas pelas horas da escola, não tenho lembranças dos lanches na merenda, e a comida da vovó era ansiosamente esperada até os domingos.(...)




Muffin - Amoras em neve



Mordida macia em crostinha envolvente, massa leve com
colorido de amoras em meio ao chocolate branco semi-derretido



Encomendas
Muffin - R$ 2,00

(...)

Nestes dias a família se reunia para, principalmente, comer carne. Carne de churrasco preparado pelo meu pai no encontro da conversa sem fim com meu avô. Claro, muitos acompanhamentos: arroz branco, salada de batata verdadeira (feita com maionese caseira, portanto verdadeira), macarrão bolonhesa, polenta cremosa, salada de cebola, linguiça e coxinhas de frango assados juntos com a carne, as vezes tinha xicho também e minha boca ia direto às cebolas docinhas. Domingo ou outro as crianças tinham uma aula de massas frescas com os donos da casa: meu avô e avó faziam as massas e molhos, do começo ao fim, nada de molho de tomate pronto e sim salsinha colhida na horta. Até hoje quando faço os raviólis que aprendi naquelas aulas sinto a importância de um tempero fresco!
Sobremesas? Como viver sem a doçura da vida? Arroz-doce com canela e morninho ainda, sem cravo. Ambrosia, baba de moça, sagu com minguauzinho, suspiro com morango, mas suspiro de verdade, aquele que o centro gruda nos dentes (eu tive a sorte de ter um padrinho que me trazia todos os meses do sul um saco de suspiro verdadeiro, inteirinho para mim!). Na páscoa os chocolates tomavam conta de todos os cantos da casa, escondidos pelo coelhinho que tinha acabado de passar.(...)








CupCake




Bolinho com cheiro de lanche
e recheio de conforto
O sabor está entre o salgadinho do queijo
e o doce do pudim de coco




Encomendas
CupCake - R$ X

(...)

Pão caseiro cheirando pela casa era sinal de que meu Tio estava pela cozinha. O pão era demorado e delicioso, puro ou com mel grosso. Bacalhau de natal, feijoada separada. Cuscuz de tapioca com leite condensado, melhor do que o que é vendido na cabeça do baiano nas praias cariocas.
Nesta mesma época me lembro bem de outra hora do dia (aliás, da noite), as madrugadas. Minha mãe fazia tortas, mas, segundo ela, as delicias só ficavam realmente maravilhosas se fossem feitas entre 1 e 4 da manhã. Sempre com a mesma base de pão-de-ló e recheios dos mais variados, combinações surpreendentes, receitas sempre modificadas e sujeitas à análise de conteúdo da dispensa. Eu e meu irmão corríamos ao seu redor e a bagunça era ela quem fazia, nós só contribuíamos para aumentá-la. Tudo bem que vez ou outra precisava da engenharia do meu pai para fazer a casinha decorativa do bolo ficar de pé, mas herança da avó de minha mãe, bolera de profissão, o talento seguiu no sangue, facilidade em combinar ingredientes e habilidade com o saco de confeiteiro eu admirei várias madrugadas à dentro.Sem nenhuma dúvida, minha mãe é responsável pela minha doce vida...
Meu pai comandava o fogão dos salgados, não para fazer os almoços da semana, pois o dia sempre foi muito corrido. Mas os jantares eram arrumados com comida, pois na cultura paulista jantar não é lanche! e minha mãe sempre queria: ovo-frito. Como ela mesma se intitula: uma raposa.
Até hoje a melhor farofa é a do meu pai, as picanhas continuam saindo aos domingos. A cozinha tem uma lógica própria que eu aprendi observando-o na cozinha, fritando bife e desenvolvendo um novo jeito de explicar a explosão da pipoca.




Alimente a vida!